quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mestre Dionizio


Mestre Dionizio teve contato pela primeira vez com a capoeira em 1969 aos 12 anos de idade, quando estava em um clube na cidade de Taguatinga em Brasília-DF e parou para ver alguns capoeiristas que ali se apresentavam. A partir daquele dia dizia sempre a sua mãe que queria aprender a capoeira, mas na época não existia ninguém por perto que pudesse ensinar-lhe os primeiros passos, fazendo com que sua mãe não desse muita importância a seu pedido. Mesmo assim em 1971 acabou por descobrir um pessoal já homens formados que se reuniam para treinar aos finais de semana no colégio que ele estudava, na época CTN – Colégio Taguatinga Norte, assistiu algumas aulas incentivado por um colega da escola que já treinava. Nesta época ele comprou um disco de vinil denominado “Eu Bahia” que o ouvia quase todo santo dia, os toques e as cantigas ali reproduzidas e ensaiava a ginga e alguns golpes, como também tentava reproduzir os toques em um berimbau feito por ele mesmo de galho de goiabeira, arame de alumínio e a metade da casca de um coco seco como a cabaça.

Em 1973, sua família mudou-se para a cidade do Guará-DF e o mestre acabou retomando o contato com a capoeira através de alguns colegas que se reuniam para treinar no fundo do quintal da casa de um já capoeirista de nome Renato conhecido como “tatu” vindo do Rio de Janeiro, já falecido. Em 1974 freqüentou algumas aulas que eram dadas por um capoeirista conhecido como “Dentinho” também aos finais de semana no Colégio GG – Guará I, atual sede do seu trabalho.

Em 1976 o mestre Dionizio entrou para servir a Aeronáutica e em 1978 entrou para a Faculdade de Educação Física e treinava sozinho esporadicamente, quando foi treinar com o mestre Tranqueira já falecido, no Sesc quadra 504 da asa sul, onde foi considerado pelo mestre como aluno graduado, na época o mestre Tranqueira não usava nenhum tipo de sistema de graduação.

Mestre Zulu realizava anualmente em Brasília a Grande Roda Brasileira de Capoeira, que reunia diversos capoeiristas de Brasília e de vários estados, foi quando mestre Dionizio,simpatizando com a metodologia e a filosofia do mestre Zulu passou a freqüentar a sua academia, na época situada na quadra 704 da asa norte, em meados de 1980, como também passou a integrar o Clube de Capoeira Beribazu, fundado pelo mestre Zulu em 1972. Em dezembro de 1988 foi confirmado como contra-mestre pelo mestre Zulu e em agosto de 1991 formou-se a mestre obtendo o grau de corda vermelha.

Já com o título de professor de capoeira, de 1979 a 1982 ministrava aulas de capoeira em uma entidade social denominada Pró-gente, em Ceilândia, cidade satélite de Brasília, desenvolvendo um trabalho com crianças de risco social. Somente em novembro de 1987 já professor concursado da Rede Pública do DF e contra-mestre, foi convidado pela Secretaria de Educação do DF (antiga Fundação Educacional) a fundar o Centro de Iniciação Desportiva em Capoeira do Guará, onde atua até a presente data.

O mestre Dionizio mantém intercâmbio com vários grupos de capoeira de diferentes vertentes, participando de eventos aqui no Brasil e exterior como convidado para ministrar vivências, work shops e palestras sobre a capoeira, atividade física através da capoeira, cultura e capoeira. Dentre os países podemos destacar, EUA (Nova York) e Japão (Mie Ken), as cidades e capitais brasileiras como: São Paulo (Campinas, Jundiaí), Paraná (Curitiba), Espírito Santo, (Vitória), Santa Cartarina (Florianópolis), Pernambuco (Recife e Gravatá), Salvador, Mato Grosso (Cuibá), Rondônia (Porto Velho), Rio de Janeiro (Niterói), Minas Gerais (BH, João Pinheiro e ouro Preto), Goiás (Goiânia, Unaí, Paracatu, São João D’Aliança, Alto Paraíso), Ceará (Fortaleza).

Mestre Dionizio é professor de Educação Física, pós-graduado em capoeira na Escola, já ministrou aulas em diversas academias e escolas da rede particular, como; Colégio Cor Jesu, Colégio Católica, Colégio La Salle. Ministrou aulas de voleibol e capoeira no Colégio Dom Bosco . Trabalha atualmente do Centro de Iniciação Desportiva em Capoeira do Guará com crianças, jovens e adultos, além de ter participado em 2005 de um curso de Especialização em Hístória da África, na Universidade de Brasília.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mestre Zulu


Capoeira é luta de bailarinos. É dança de gladiadores. É duelo de camaradas. É jogo, é disputa – simbiose perfeita de força e ritmo, poesia e agilidade. Única em que os movimentos são comandados pela música e pelo canto. A submissão da força ao ritmo. Da violência à melodia. A sublimação dos antagonismos (vide Idiopráxis, p.29)

Antônio Batista Pinto, também conhecido como “Mestre Zulu”, nasceu em 09 de Maio de 1946, em Unaí, em Minas Gerais. Foi professor da Secretaria de Educação do DF, foi professor do Ministério da Educação, Químico, Pós-graduado em Didática e Metodologia do Ensino Superior, Autodidata e Mestre de Capoeira, introdutor da Capoeira na Rede Oficial de Ensino do DF; Fundador do Grupo de Capoeira Beribazu e do Centro Ideário de Capoeira; Formulador do Ideário de Capoeira Arte-Luta [1].

Começou a ensinar capoeira em 1970, na Sociedade Desportiva Sobradinhense, conseguiu muitos companheiros de treinamento e permaneceu lá por um ano.

Em 11 de Agosto de 1972 começou a ensinar capoeira no Colégio Agrícola de Brasília, delineando a formulação do Ideário de Capoeira . Esse trabalho procurava enfatizar a importância do resgate da pureza, da autenticidade, da tradição e da gestualidade primitiva; buscando resgatar seletivamente as características e valores da capoeira, optando pelo meio escolar como principal contexto para respaldar a capoeira perante a sociedade e o poder público. Nessa época, Mestre Zulu e seus companheiros idealizaram a Grande Roda Brasileira de Capoeira (GRBC)[2]. Nesse mesmo ano fundou o Grupo de Capoeira Beribazu.

O sistema de Beribazu de Graduações foi elaborado por M. Zulu, a partir da relação de fases sociais que marcam a vida do negro no Brasil, com os domínios de irradiação dos Orixás do Candomblé e da Umbanda. A relação é de conotação meramente filosófica, portanto, desvinculada de qualquer indução ou orientação para alguma prática religiosa.

Zulu é o principal Introdutor da capoeira na Rede Oficial de Ensino do Distrito Federal, dede o ano de 1972, o referido projeto é coordenado pela Secretaria de Educação do Distrito Federal, além de ser responsável pela formação de vários mestres, contra-mestres e monitores, dentre eles o nosso mestre Dionizio.

Em 21 de junho de 1994 o fundador do Grupo, Mestre Zulu, se desvincula oficialmente do Grupo Beribazu alegando motivos pessoais.

Dentre os trabalhos mais relevantes publicados, estão: Capoeira: Arte, Folclore e Luta; Catira ou Cateretê; Pequeno histórico da Capoeira; Sistema de Graduações de Capoeira; Metodologia do Ensino de Capoeira; Ritmos Afro-Brasileiro; Características Imutáveis da Capoeira; Cânticos de Capoeira; Regulamento de Competições de Capoeira; Regulamento Técnico Escolar de Capoeira; Regulamento do Centros de Aprendizagem de Capoeira (CAC`s); Depoimento Sobre o Ideário Beribazu de Capoeira; Capoeira Arte-Luta; Manifesto Evocativo da Capoeira e o Livro Idiopráxis Capoeira.

Passagens na Docência de Capoeira:

1 - Clube Sodeso em Sobradinho - março de 1970 a dezembro de 1971. 2 - Colégio Agrícola de Brasília em Planaltina - agosto de 1972 a setembro de 1992, com um hiato entre 1987 e 1990. 3 - Academia Ideário e Academia Quorum na Asa Norte - outubro de 1979 a fevereiro de 1991. 4 - Centro Educacional 02 em Planaltina - março de 1982 a julho de 1993. 5 - Centro Inter-escolar de Educação Física na Asa Sul - abril de 1985 a fevereiro de 1991. 6 - Entre o Galpão João de Barro e a Quadra Coberta da Igreja Cristã Evangélica em Sobradinho - março de 1994 até 2010.

As passagens na docência de capoeira de Mestre Zulu completaram, em março de 2010, efetivos quarenta anos no magistério da capoeira.

Fonte

http://www.inf.ufsc.br/~veronez/beribazu/historico/historico.htm#mestres

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mestre_Zulu

http://mestreonca.wordpress.com/2009/04/15/mestre-zulu-e-sua-obra-na-capoeira/


[1] Ideário de capoeira: Foi realizada de 1976 a 1994, onde várias tendências da capoeira permeou os meios educacional, cultural, esportivo, acadêmico, artístico e político. Foi realizada anualmente no DF em várias escolas e espaços públicos. A primeira roda foi realizada no Colégio Agrícola de Brasília.

[2] Grande Roda Brasileira de Capoeira: constituído de idéias, concepções, princípios e processos que fundamentam as atividades e ações de ensino-aprendizagem e de prática de capoeira.. Em linhas gerais, o Ideário definia a postura pedagógica multidisciplinar, enfatizando a importância do aprendizado por vivências nas preparações física, técnica, tática, psicológica, ideomotora e invisível, ainda mais, operacionalmente recorreram à oralidade informal, recomendaram leituras e composições, e buscaram realizar ou participar de discussões dirigidas, palestras, seminários, congressos, e festivais de capoeira.